sábado, 30 de abril de 2011

Poesia



Discurso ao rapaz do espelho

E quem não quer alguém para amar e se esconder do que não quer sentir?
Decepção é uma consequência natural das coisas, não há o que temer
Driblar os empecilhos, talvez seja algo que alivie o cansaço mais adiante
Porém, se atreveres a curvar-te diante da vida, perderás teu fôlego
E, sem ar, o mundo perde o efeito belo e sensível
Os esconderijos não te receberão com o mesmo entusiasmo
Então terás poucos dias de descanso

Os gritos alegres do sol na janela,  parecem estar brincando com teu rosto, sem banho ainda
Várias horas perdidas num sono com sabor de exercício forçado
O tempo foi algo que machucou a vida dos homens sós
Feições fechadas, semblantes desligados ... Corpos desgastados
Nada mais que lágrimas solidificadas na pele, no sangue ... na alma
E estar bem é um acaso tão raro, um sorteio no destino confuso
Votos dos mais sinceros desejos, se concretizando a poucas mentes

Há no amor, um doce apego a tudo
Há na vida sempre um espaço para amar alguém, amar algo
E por que não se apegar ao amor e por consequência à vida?
Se nos dias que se seguem simples, mas sozinhos
Te dá no peito saudades de tudo, e tudo falta
Não que mereças estar assim, mas o estás
Procuras o que amar, e te concentras, isso é ser dono de si

Não adianta pedir verdade
Tudo pode ser tão fácil, complicamos porque gostamos de sofrer
Buscando estar convicto do que te traz vontade e vitalidade
O resto te vem com um toque de descanso
Então te acalmarás, caro rapaz
Esqueça o velho espelho e vá ao encontro do que te "anima"
E ame tudo o que te faz bem

Daniel Sena Pires - Discurso ao rapaz do espelho (02/02/10)

2 comentários:

Vidas disse...

Esse, eu conheço .
=)
rsrs

Grato pela lembrança .

R. Carvalho disse...

Muito lindo e pertinente esse texto...como tantos outros! Adoro!

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