Pessoas que me inspiram

                              

A foto acima foi tirada em 8 de Junho de 1972 ao sul do Vietnã pelo fotógrafo Huynh Cong Ut da agência Associatade Press e recebeu o Prêmio Pulitzer em 1973.

Nas imagens, crianças fugindo de um povoado atingido por uma bomba jogada de aviões americanos e ao centro, nua, com o corpo queimado, Kim Phúc de apenas nove anos corre desesperada tentando salvar a própria vida. Naquela noite os aldeões ouviram dizer que os vietcongues estavam chegando e pretendiam usar a aldeia como base e quando o dia nasceu eles chegaram para tomar a vila. A família de Kim Phúc resolveu se esconder no templo por acreditar ser um lugar sagrado e seguro mas eles não poderíam imaginar que algo muito mais assustador estava por vir: Um avião americano lançou uma bomba  que incendiou a vila. Kim Phúc foi cercada pelas chamas e suas roupas pegaram fogo rapidamente. Ela não conseguia ver por causa da fumaça e perdeu-se dos familiares; seu instinto a mandou correr e atravessou as chamas em busca de uma saída, por um milagre seus pés não se queimaram o que acabou ajudando em sua fuga.

O fotógrafo Huynh Cong Ut levou Kim Phúc a um pequeno hospital e logo depois foi transferida para um outro hospital em Saigon onde os pais a encontraram. Ela teve metade do corpo queimado e passou por 17 cirurgias para tentar curar suas queimaduras mas as cicatrizes não puderam ser apagadas.

Kim Phúc cresceu no Vietnã e abandonou sua profissão de secretária para se dedicar aos estudos em Havana – Cuba onde acabou conhecendo o marido, um vietnamita. Durante sua viagem de volta o avião fez uma escala emToronto – Canada onde eles desceram e pediram asilo; é onde vive até hoje. Kim Phúc já é adulta, esposa, mãe… não carrega mágoas nem ódio. Ela sente não poder usar roupas sem mangas, vestidos, blusas decotadas, sem ver as enormes cicatrizes. Kim Phúc diz que sonha com um mundo em paz e quer que todos vejam a sua foto no momento de sua fuga para que todos lembrem o quanto uma guerra pode ser cruel, principalmente com as crianças.

                             

Kim Puc e seu filho Thomas

“Nós devemos aprender com nossas experiências e ficamos mais fortes. Rezo muito, isso me ajuda e me ensinou uma lição: A importância do amor. A compaixão dos médicos, enfermeiros, amigos e familiares. Sentia muita dor e meus irmãos e primos me massageavam”.

Kim cita também a fotografia, como um bem valioso que fez com que as pessoas, mudassem o pensamento a respeito da Guerra. Os soldados que usavam as bombas para abrir territórios, ficaram chocados ao saberem que, além de terem realizado o objetivo de acertar as bombas nos lugares necessários, estavam mutilando e matando inocentes. Em 1996, reencontrou o piloto do bombardeiro e o perdoou em frente às câmeras. Kim, com suas raízes de fé ligadas ao catolicismo, pode ser um exemplo de vida. “Se eu, que sou a menina ferida na Guerra do Vietnã, que passei anos com muita dor, as quais sinto até os dias de hoje, pude perdoar as pessoas que queimaram a minha pele, que caía de mim naqueles instantes eternizados em uma foto, vocês também podem perdoar seus inimigos, vocês não acham?” 

Kim Puch, muito mais do que uma vitima da guerra, tornou-se um ícone exemplar de coragem e compaixão. Hoje, seu objetivo é ajudar crianças que sofreram as consequências de conflitos entre territórios e pede contribuições para os projetos que ocorrem em vários países diferentes.


*É me debulhando em lágrimas que reflito sobre a frase de Carlos Drumond de Andrade sobrea história dessa mulher...o que fazer com as pedras em nosso caminho? Eis uma bela lição. (R. Carvalho)