quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Poesia
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade,
e a segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam .
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual metade mais bela,
nenhuma das duas eram totalmente bela.
E carecia optar. Cada uma optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drumond de Andrade
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2 comentários:
Uma bela escolha, esse eu leio aqui pela primeira vez. Um abraço, Yayá.
Obrigada por vir Yayá. Fico feliz que gostou...abraços!
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