quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Poesia


                


Nuanças


O traço e a cor brincam com a palavra:
Rabiscos,
Matizes,
Metáforas...
E entre o desconstruir e o criar,
o colorir e o poetar,
A magia do que nasce:
Forma,
Imagem,
Enredo.


Alétis Letis 

Somos todos traços, cores e palavras

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Anjos



"Ela acreditava em anjos,
e porque acreditava eles existiam."
(Clarice Lispector)

Indicação de Leitura


           
Indico a leitura desse livro que me encantou muito em todos os sentidos quando o li. Viajei no tempo com a narrativa e a riqueza de detalhes da época, a história nos prende a atenção completamente, sem contar que as obras de Machado de Assis são um clássico para quem gosta de ler. Perfeito!

Livro: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis

Seu personagem principal é Bento Santiago, o narrador da história que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento, que se torna o enredo central da trama. Ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Império, se inicia com um episódio que seria recente em que o narrador recebe a alcunha de "Dom Casmurro", daí o título do romance. Machado de Assis o escreveu utilizando ferramentas literárias como a ironia e uma intertextualidade que alcança Schopenhauer e sobretudo a peça Otelo de Shakespeare.
Ao longo dos anos, Dom Casmurro, com seus temas como o ciúme, a ambiguidade de Capitu, o retrato moral da época e o caráter do narrador, recebeu inúmeros estudos, adaptações para outras mídias e sofreu inúmeras interpretações, desde psicológicas e psicanalíticas na crítica literária dos anos 30 e dos anos 40, passando pelo feminismo na década de 1970 até sociológicas da década de 1980, e adiante. Creditado como um precursor do Modernismo e de ideias posteriormente escritas por Sigmund Freud, o livro influenciou os escritores John BarthGraciliano Ramos e Dalton Trevisan e é considerado por alguns a obra-prima de Machado. Além de ter sido traduzido para outras línguas, continua a ser um de seus livros mais famosos e é considerado um dos mais fundamentais de toda a literatura brasileira.

Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Carga Inútil


                       

Certo dia, um professor atento ao comportamento dos seus alunos observou que poderia ajudá-los a resolver alguns problemas de cunho íntimo, e propôs uma atividade. 

Pediu a todos que levassem uma sacola e algumas pedras, de vários tamanhos e formas para a próxima aula.

No dia seguinte, orientou que cada um escolhesse uma pedra e escrevesse nela o nome de cada pessoa de quem sentiam mágoa, inveja, rancor, ou ciúme. A pedra deveria ser escolhida conforme o tamanho do sentimento.

Depois que todos haviam terminado a tarefa, o professor pediu que colocassem as pedras na sacola e a carregassem junto ao corpo para todos os lugares onde fossem, dia e noite.

Se alguma pessoa viesse a lhes causar sofrimento ainda intenso, eles poderiam substituir a pedra por uma maior. E se uma nova pessoa os magoasse, deveriam escolher uma nova pedra, escrever o nome dela e colocar na sacola.

E quem resolvesse o problema com algumas das pessoas cujos nomes haviam escrito nas pedras, poderiam retirar a pedra e lançá-la fora.

Assim foi feito. Algumas sacolas ficaram cheias e pesadas, mas ninguém reclamou.

Naturalmente, com o passar dos dias, o conteúdo das sacolas aumentou em vez de diminuir.

O incômodo de carregar aquele peso se tornava cada vez mais evidente.

Com o passar dos dias os alunos começaram a mostrar descontentamento. Afinal de contas, estavam sendo privados de muitos movimentos, pois as pedras pesavam, e alguns ferimentos surgiram, provocados pelas saliências de algumas pedras.

Para não esquecer a sacola em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles.

Passado algum tempo, os alunos pediram uma reunião com o professor e falaram que não dava mais para continuar a experiência, pois estavam cansados de carregar aquele peso morto, e alguns ferimentos incomodavam.

O professor, que já aguardava pelo momento, falou-lhes com sabedoria: essa experiência foi criada para lhes mostrar o tamanho do peso espiritual que a mágoa, a inveja, o rancor ou o ciúme, ocasionam.

Quem mantém esses sentimentos no coração, perde precioso tempo na vida, deixa de prestar atenção em fatos importantes, além de provocar enfermidades como conseqüência.

Esse é o preço que se paga todos os dias para manter a dor e os sentimentos negativos que desejamos guardar conosco.

Agora a escolha é sua. Vocês têm duas opções: jogam fora as pedras ou continuam a mantê-las diariamente, desperdiçando forças para carregá-las.

Se vocês optarem pela paz íntima terão que se livrar desses sentimentos negativos.

Um a um, os alunos foram se desfazendo das pesadas sacolas, e todos foram unânimes em admitir que estavam se sentindo mais leves, em todos os sentidos.

A proposta era de deixar com as pedras os ressentimentos que cada uma delas representava. E isso dava a cada um a sensação de alívio.

Por fim todos se abraçaram e confessaram que naquele gesto simples descobriram que não vale a pena perder tempo e saúde carregando um fardo inútil e prejudicial.

Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Poesia





Verdade


A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.


Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade,
e a segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam .


Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.


Chegou-se a discutir qual metade mais bela,
nenhuma das duas eram totalmente bela.
E carecia optar. Cada uma optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drumond de Andrade 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Trecho de Clarice III




Silêncio

"...Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece. 

O coração bate ao reconhecê-lo. Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus. Surgem as justificações, trágicas justificações forjadas, humildes desculpas até a indignidade. Tão suave é para o ser humano enfim mostrar sua indignidade e ser perdoado com a justificativa de que se é um ser humano humilhado de nascença. Até que se descobre - nem a sua indignidade ele quer. Ele é o silêncio. Pode-se tentar enganá-lo também. Deixa-se como por acaso o livro de cabeceira cair no chão. Mas, horror - o livro cai dentro do silêncio e se perde na muda e parada voragem deste. E se um pássaro enlouquecido cantasse? Esperança inútil. O canto apenas atravessaria como uma leve flauta o silêncio. Então, se há coragem, não se luta mais. Entra-se nele, vai-se com ele, nós os únicos fantasmas de uma noite em Berna. Que se entre. Que não se espere o resto da escuridão diante dele, só ele próprio. Será como se estivéssemos num navio tão descomunalmente enorme que ignorássemos estar num navio. E este singrasse tão largamente que ignorássemos estar indo. Mais do que isso um homem não pode. Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem suportar. Não há sequer um filho de astro e de mulher como intermediário piedoso. O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater alto nas trevas. Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nu, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio. Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não se vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora. Depois nunca mais se esquece. Inútil até fugir para outra cidade. Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo - de repente. Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros. Entre uma gargalhada fantasmagórica e outra. Depois de uma palavra dita. Às vezes no próprio coração da palavra. Os ouvidos se assombram, o olhar se esgazeia - ei-lo. E dessa vez ele é fantasma."

Clarice Lispector

Música para lavar a alma

                         
Índios


Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.
Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer.
Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.
Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim.
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.
Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos, obrigado.
Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim.
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sofrimento

                         

Nós seres humanos carregamos às vezes em nosso peito um sofrimento absurdo, que pensamos não suportar. Deixamos que acontecimentos tomem conta de nosso coração e que flagelem nossa alma até sangrar. Sofremos tanto por perder alguém, por amor, por desilusões, por perdas, por injustiça e por nós mesmos...E deixamos que o sofrimento passeie sobre nós. Penso que sofrer faz parte de nossa caminhada, faz parte da nossa vida; mas precisamos colocar limites a esse sentimento para que não domine nosso ser. Creio que sofrer seja um processo para transformação em algo melhor, algo que amadureça nosso interior. Para isso precisamos saber sofrer e não deixar que seja um estado definitivo em nosso coração. Mas até para sofrer é preciso coragem! É preciso coragem para dar um basta nesse sentimento e inverte-lo em valores que nos edifiquem enquanto "ser" humano. Saber sofrer...e não perecer...

R. Carvalho


"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." (Carlos Drumond de Andrade)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Reflexao

                        


Filosofia de Madre Teresa


O dia mais belo: hoje
A coisa mais fácil: errar
O maior obstáculo: o medo
O maior erro: o abandono
A raiz de todos os males: o egoísmo
A distração mais bela: o trabalho
A pior derrota: o desânimo
Os melhores professores: as crianças
A primeira necessidade: comunicar-se
O que traz felicidade: ser útil aos demais
O pior defeito: o mau humor
A pessoa mais perigosa: a mentirosa
O pior sentimento: o rancor
O presente mais belo: o perdão
O mais imprescindível: o lar
A rota mais rápida: o caminho certo
A sensação mais agradável: a paz interior
A maior proteção efetiva: o sorriso
O maior remédio: o otimismo
A maior satisfação: o dever cumprido
A força mais potente do mundo: a fé
As pessoas mais necessárias: os pais
A mais bela de todas as coisas: O AMOR!


Madre Teresa de Calcutá

Indicação de Leitura



Indico a leitura desse livro que nos permite refletir sobre nós mesmos enquanto ser humano em processo de construção, e nos leva a entender que estamos sempre nesse processo. É uma leitura que nos leva aos caminhos de sentimentos guardados em nós, que nos ajuda a entender a nossa relação com o outro e ao auto-conhecimento. Vale a pena!


Livro: Por que tenho medo de dizer quem sou?
Autor: John Powell

"O livro aborda aspectos característicos para que se estabeleça a condição do desenvolvimento humano e sua implicação com a necessidade de uma comunicação honesta, evidenciando a significância da busca de pessoas que estejam aptas a perceberem o indivíduo tal como é. Aduz a importância da sinceridade, aclamando que a medida em que o indivíduo for capaz de evidenciar-se, o outro também terá maiores chances em fazer o mesmo, propiciando assim, ensejo do auto conhecimento. A fim de explicitar mais detalhadamente as tendências do comportamento humano o autor coloca alguns dos mecanismos que o ser humano desenvolve para usar contra as frustrações que se depara ao longo da vida e alguns dos papéis e jogos que utiliza para sublimar sentimentos temerosos. Deixa claro, que o processo de ser pessoa é contínuo e está sofrendo mutações constantemente. Sendo que a medida que compartilha-se emoções significativas a alguém de confiança, também contribui-se para o crescimento próprio e alheio. Nota-se a relevância ao fato de se admitir as sensações e não escondê-las como geralmente aprende-se, no entanto antes de agir de acordo com elas é necessário profunda reflexão. Aponta também a importância da humildade e sensatez diante da complexidade e mistério de um ser humano, uma vez, que se julgá-lo, apenas será revelada a própria imaturidade e incapacidade para a amizade. Portanto, esta obra, é muito interessante para se entender alguns dos processos nos quais o ser humano sujeita-se e sua disposição em querer alterar os programas dos quais aderiu a fim de buscar o ápice: auto conhecer-se, estabelecer uma comunicação interpessoal significativa e desenvolver a auto estima."

(Sinopse: NET Saber)